Há umas três semanas, a administração do prédio onde fica meu consultório resolveu trocar o sistema de segurança e substituiu os cartões pelo sistema biométrico. A mudança no início gerou algum transtorno, já que o sistema teve que ficar fora do ar, os pacientes e visitantes do prédio tiveram que ser novamente cadastrados, as filas na recepção no térreo ficaram maiores, o povo sem paciência, os elevadores demoravam porque faziam viagens demais, enfim, foram duas semanas sob o desconforto da transição. E eu, claro, sempre fui a favor do cartão e jurava que esse sistema bimétrico nunca iria dar certo. Afinal, no nosso condomínio a entrada também é feita por meio do cartão e nunca tivemos problemas, pelo menos até semana passada.
Um dia desses, na volta da escola, eu dirigindo, as crianças no banco de trás, chego ao condomínio e automaticamente procuro pelo cartão. Nada. Pergunto para as crianças:
– Ué, cadê o cartão?
Silêncio. Repito a pergunta:
– Meninos, vocês viram o cartão? Alguém pegou o cartão?
Silêncio.
O porteiro vem até o carro para saber se estou com problemas. Quando começo a falar que perdi o cartão, que teria que bloquear e pedir outro, blá blá blá, Oscarzinho dispara.
– O Joaquim botou o cartão no rádio da música!
– O quê?
– O cartão tá dentro do rádio da música, mamãe.
Mais tarde, Joaquim confessou a autoria da arte.
Ficamos sem cartão até o som ser desmontado e o cartão retirado.
Quando ele fez isso? Ninguém sabe, ninguém viu.
E lá no consultório, a biometria das digitais está funcionando que é uma beleza! Agora já sei que além de prático e eficiente, o sistema biométrico também é a prova das mil e uma traquinagens do Joaquim.
Obs1: Tenho pra mim que Oscarzinho só contou o feito do Joaquim porque achou que eu fosse receber uma bronca do porteiro… Será???
Obs2: Joaquim, no momento, se encontra com um enorme galo na testa porque caiu da bicicleta de cabeça no chão. Doeu, chorou, mas já passou.
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